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Paulo Leminski

Haja hoje para tanto ontem.

Cortinas de seda o vento entra sem pedir licença.

Viver é super difícil o mais fundo está sempre na superfície.

Acordei e me olhei no espelho ainda a tempo de ver meu sonho virar pesadelo.

Tudo dito, nada feito, fito e deito.

Amar é um elo entre o azul e o amarelo.

Jardim da minha amiga todo mundo feliz até a formiga.

A estrela cadente me caiu ainda quente na palma da mão.

Ameixas ame-as ou deixe-as.

Soprando esse bambu só tiro o que lhe deu o vento.

Outubro no teto passos pássaros gotas de chuva.

Lá embaixo vai ter o que eu acho.

O mar o azul o sábado liguei pro céu mas dava sempre ocupado.

Isso de ser exatamente o que se é ainda vai nos levar além.

Aqui jaz um grande poeta. Nada deixou escrito. Este silêncio, acredito, são suas obras completas.

Um homem com uma dor é muito mais elegante caminha assim de lado como se chegasse atrasado andasse mais adiante carrega o peso da dor como se portasse medalhas uma coroa um milhão de dólares ou coisa que os valha ópios édens analgésicos não me toquem nessa dor ela é tudo que me sobra sofrer, vai ser minha última obra.

A estrela cadente me caiu ainda quente na palma da mão.

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