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Deborah Tannen

Muitos de nós dispensam conversas que não conduzem a informações importantes – conversinhas sociais ou ‘retóricas vazias’, se for público. Tais admoestações como ‘Fuja das conversas fúteis’, ‘Vá direto ao ponto’ ou ‘Por quê você não diz onde quer chegar?’ podem parecer razoáveis. Mas elas são razoáveis somente se a informação for tudo o que importa. Esta atitude na conversa ignora o fato de que as pessoas estão emocionalmente envolvidas umas com as outras e que falar é a forma principal de estabelecer, manter, monitorar e ajustar nossos relacionamentos.

Viver é uma questão de lidar com outras pessoas, em questões pequenas e cataclísmicas, e isso significa uma série de conversas.

Tendemos a ver cada problema como se ele fosse uma luta entre dois lados. Vemos isso nas manchetes que estão sempre usando metáforas para a guerra. É uma atmosfera geral de hostilidade e disputa que tomou conta do nosso discurso público.

A comunicação é um ato de equilíbrio constante, disfarçando as necessidades de conflito pela intimidade e independência. Para sobrevivermos no mundo, temos que agir conforme os outros, mas para sobrevivermos sozinhos, mais do que simples peças de uma engrenagem, temos que agir sozinhos.

Dizer que os homens falam de beisebol para evitar falar sobre seus sentimentos é o mesmo que dizer que a mulher fala sobre seus sentimentos para evitar falar sobre beisebol.

Todos sabemos que somos indivíduos únicos, mas tendemos a ver os outros como representantes de grupos.

As sementes da cultura argumental podem ser encontradas nas salas de aula, onde um professor apresentará um artigo ou uma idéia… estabelecendo debates onde as pessoas aprendem a não ouvir umas as outras, pois estão ocupadas demais tentando vencer o debate.

Quando as pessoas descobrirem que mais cedo ou mais tarde você pode cansar a platéia, mesmo que eles prestem atenção temporariamente, no final eles se afastam, nós realmente precisamos desenvolver outras metáforas e não falar sobre os dois lados, mas falar sobre todos os lados.

Nosso maior erro é acreditar que há uma forma correta de ouvir, falar, ter uma conversa – ou um relacionamento.

A vida de cada um é vivida como uma série de conversas.

Se as mulheres muitas vezes ficam frustradas porque os homens não reagem a seus problemas com problemas complementares, os homens ficam frustrados porque as mulheres o fazem.

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